05/12/2011

Programa de orientação de amamentação: mães e bebês saudáveis, médicos satisfeitos

A atividade preventiva é um reforço expressivo na orientação recebida no consultório



Ao som da famosa marchinha de carnaval "Mamãe eu quero mamar!", as mães, e futuras mães, são recebidas no início da palestra do programa de orientação de amamentação, criado pela Associação Brasileira de Mulheres Médicas - Regional Paraná (ABMM-PR), em 1999. Há 12 anos o projeto auxilia mães e pais, de primeira viagem ou não, a alcançar uma gestação e uma maternidade saudável.


"Sem ter problemas para amamentar, as mães têm menos dificuldades, e entendendo melhor a fisiologia da amamentação, ficam disponíveis para os bebês mais tempo. As crianças ganham mais peso, evitam chupetas, mamadeiras e outras artes que as mães inventam para diminuir o tempo de amamentação ou até mesmo substituí-la", afirma a ginecologista e obstetra Virgínia Merlin, uma das fundadoras do projeto e membro da equipe atual de coordenação.


Bebês amamentados adequadamente tornam-se crianças saudáveis, com isso, as mães também apresentam menos queixas. Assim, os pediatras e obstetras podem dar um atendimento ainda melhor no consultório. A oficina de amamentação é uma atividade preventiva que reforça e complementa o que é visto nos consultórios. A mulher grávida precisa receber treinamento para amamentar da melhor forma. O curso é um diferencial neste processo, gerando uma amamentação tranquila, com amor e serenidade. "Os obstetras precisam orientar as mães e encaminhá-las para esta palestra, que é um reforço expressivo na orientação", comenta a médica, convidando os colegas de profissão a incentivarem suas pacientes a participarem do programa.


Virgínia Merlin, que já tem 31 anos de Medicina na bagagem, transmite um entusiasmo cativante ao falar sobre o programa. "A amamentação cria um vínculo entre mãe e filho. Com a chegada do bebê há grandes transformações e os pais precisam estar preparados para isso", afirma. Essas questões são trabalhadas na palestra, pois afetam diretamente a amamentação. Como preparar a mama, o papel cultural que o leite exerce para a vida da criança, como a mãe se comportará com as diferenças que acontecerão na vida dela, como a criança vê a mama, entre outros pontos são discutidos com os participantes. As gestantes do "Mamãe eu quero mamar!" são orientadas e sensibilizadas a amamentar seus filhos com segurança e qualidade.


Ainda, as gestantes e demais acompanhantes recebem orientações de uma odontopediatra, que ministra sobre saúde oral, cárie de mamadeira, higiene bucal da criança e a importância do exercício da boca para que a criança fale melhor, coma melhor e desenvolva na amamentação.



Participação da família

Na oficina de amamentação, a "família grávida" é recebida de braços abertos. Pai e avós são convidados para participar junto com as mães. Virgínia Merlin explica que é muito importante a participação dos familiares que acompanham a gestante e que estarão presente na vida do bebê, pois informações distorcidas podem atrapalhar a relação de amamentação entre mãe e filho. A família precisa estar atenta e conhecer de perto o assunto.


O programa também trabalha as questões da paternidade responsável. "O pai precisa participar da rotina da mãe, ele tem um papel a desempenhar. Ele precisa estar presente na amamentação, pois exerce um estímulo psicológico para a mãe". O acompanhamento das avós no programa também é recomendado. "As avós que tiveram problemas para amamentar e chegam ao curso, às vezes, carregadas de crendices, passam esse estigma para as gestantes", alerta.



Como surgiu

Virgínia Merlin estava na presidência da ABMM-PR quando o programa foi fundado, em 1999, e permanece desde então envolvida com o projeto. "O programa nasceu na Associação e mantém-se até hoje com o incentivo de cada gestão", relembra. Na época, as médicas Zilda Arns e Elisa Checchia Noronha - fundadora do curso "Parto sem medo" - foram grandes incentivadoras. Hoje, uma equipe da Associação, presidida atualmente pela médica Wilma Brunetti, coordena o projeto.


O "Mamãe eu quero mamar!" atua em duas frentes da campanha "Oito jeitos de mudar o mundo", que faz parte dos objetivos do milênio, lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000. O programa de orientação de amamentação ajuda a reduzir a taxa de mortalidade infantil e a melhorar a saúde da gestante, que são dois itens da campanha.



Como participar

O programa é realizado uma vez por mês, de março a dezembro, das 18h30 às 22h. Cada palestra comporta até 150 pessoas. Por uma parceria com o Grupo Educacional Uninter, os encontros são realizados no auditório da entidade, no Edifício Garcez, no centro da Capital (Av. Luiz Xavier, 103, 7° andar). As inscrições podem ser feitas na hora. O último encontro desse ano será realizado no dia 15 de dezembro.


Para participar, há uma taxa simbólica de R$ 20 para a manutenção do projeto. "Todos os participantes recebem um lanche e a equipe, que trabalha para o programa, também é remunerada para se dedicar com mais tempo ao projeto. É um investimento que a família faz na qualidade de vida da gestante e do bebê". Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 41 3074-4040.



Sensibilização

Cerca de 40% das participantes do "Mamãe eu quero mamar!" ingressam como voluntárias no banco de leite, "salvando vidas" através do leite doado aos bancos de leite humano. "O projeto já formou 4.400 doadoras, gerando 17.600 litros de leite, que vai direto para a UTI de vários hospitais, como Pequeno Príncipe e Evangélico. É uma estrutura que salva a vida de muitas crianças", afirma a enfermeira Rosane da Silva, responsável pela captação de doadoras do Banco de Leite Humano (HUEC), que também auxilia no programa de orientação de amamentação.


A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a maior e mais complexa do mundo. Atualmente são 203 bancos e 106 postos de coleta. Por ano, são recolhidos cerca de 150 mil litros, que são distribuídos a mais de 135 mil recém-nascidos, principalmente aos que estão hospitalizados. O Paraná conta com oito bancos de leite: Londrina, Maringá, Curitiba (Hospital Evangélico e de Clínicas), Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo. Em 2008, de acordo com Virgínia Merlin, o Paraná recebeu o prêmio do Ministério da Saúde por ter tido a maior coleta de leite humano do Brasil.

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