Quando mais médicos é menos saúde...

João Carlos Simões

"A verdade vence todas as coisas."

À guisa de contribuição e reflexão sobre esse assunto por demais debatido, criticado e comentado, que é o Mais Médicos, quero dizer que o poder atribuído a classe médica só é decorrente do respeito que ela desperta, pois mesmo atuando em condições adversas, vítima, muitas vezes, das políticas delirantes desse governo, da demagogia, da incompreensão do povo mais humilde e de um sistema de saúde que não atende às expectativas da profissão, continua dando o melhor dos seus esforços para minorar o sofrimento de tantos que reconhecem a seriedade do seu trabalho e a nobreza dos seus propósitos.

Os médicos têm sido vítimas de um sistema de saúde que não conseguem modificar, exatamente porque, apesar de tudo, na maior parte do tempo estão envolvidos em beneficiar e ajudar as pessoas que sofrem, que precisam de seus serviços.

As milhares de internações, cirurgias e atendimento em postos de saúde todo o mês, a quase totalidade resultando em recuperação integral, não podem e não devem ser desmerecidas exatamente por aqueles que têm a responsabilidade da informação correta e que não comportam meias-verdades e injustiças, que geram descrença e desconfiança em área tão sensível para a população como é a saúde.

Onde vive a grande massa da população pobre, os profissionais médicos de que ela necessita não aceitam morar. E, se aceitam, suas famílias não aceitam. Além disso, falta infraestrutura e faltam outros profissionais da área da saúde. Médico só com estetoscópio não resolve nada.

Dificilmente o problema estará sendo solucionado com a importação de médicos estrangeiros por um período e com um apelo de propaganda eleitoral forte, porque não colocará e não integrará para sempre o profissional no seio daquela população pobre.

A solução só será conseguida quando os médicos residirem na área em que trabalham, onde vivem os seus pacientes. O que se tem oferecido ao povo sofrido são apenas maquiagem e propaganda demagógica, sem atender os requisitos básicos da profissão médica: ética, vínculo e responsabilidade.

E para finalizar sobre este programa eleitoreiro do Mais Médicos, repito o que já foi escrito pelo notável professor Adib Jatene: ”pior que um ignorante que nada pode fazer é um incompetente diplomado que se dispõe a fazer o que não sabe”.

Artigo de João Carlos Simões, professor titular do curso de Medicina da FEPAR, fundador e editor da Revista do Médico Residente do CRM-PR.

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