21/09/2012

Relatório "Saúde nas Américas 2012" põe CFM em alerta

Na visão do Conselho Federal de Medicina, apesar dos avanços alcançados ao longo das últimas décadas,
permanece um cenário de desigualdade no Brasil




A preocupação do Conselho Federal de Medicina (CFM) com o futuro do Brasil no que se refere à assistência em saúde aumenta quando as conclusões do Relatório "Saúde nas Américas 2012" alertam para a realidade das doenças crônicas não transmissíveis, as causas externas e a tuberculose.


"O país atravessa um momento impar de transição epidemiológica. As doenças da modernidade - neoplasias, problemas cardiácos e a violência - já são as principais causas de mortalidade no país. Contudo, perguntamos: será que estamos preparados para essa onda, que exigirá cada vez mais do SUS? Não seria o momento de refletir o atual modelo com rigor, mantendo-o e oferecendo condições para sua sobrevivência?", indaga Roberto d Avila, presidente do CFM.


As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam um grande desafio. De acordo com o relatório da OPAS/OMS, no Brasil, em 2009, do total de óbitos, 72,4% foram em decorrência delas. As doenças cardiovasculares, causas externas e neoplasias provocaram 59% de todas as mortes de homens. Nas mulheres, as doenças cardiovasculares, o câncer e as doenças respiratórias representaram 61% das mortes. O documento aponta aumento da proporção de óbitos por neoplasias (11,4% em 1996 para 15,7% em 2010), doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (0,4% para 6,2%) e doenças do aparelho circulatório (27,5 % para 28,7%).


Para o presidente do CFM, além desse desafio há questões que se relacionam com a ampliação de uma oferta de atenção básica (postos de saúde e equipes de saúde da família, entre outros) capaz de combater e garantir o combate à doenças infectocontagiosas, como a tuberculose, que ainda fazem milhares de vítimas. Atualmente, o Brasil está entre os 22 países com maior carga de tuberculose, afirmou a OPAS/OMS. Em 2010, 71 mil novos casos foram registrados - 37,2 por 100 mil habitantes, 30% a menos do que em 1990, mas uma incidência significativa.


O fortalecimento dessa rede de atenção básica também teria reflexos em outros indicadores, como o de mortalidade materna, que poderia cair se houvesse garantia de melhor atendimento às gestantes - do pré-natal ao pós-parto. Embora tenha havido uma diminuição das causas de morte materna entre 1990 e 2010, período em que caiu de 141 para 68 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos, as projeções refletem dificuldades em cumprir a meta do quinto Objetivos do Milênio (ODM). A meta é baixar a taxa para 35 mortes para cada 100 mil nascidos vivos até 2015.


O CFM concorda com o impacto positivo do SUS para a sociedade, como aponta o Relatório "Saúde nas Américas 2012". O documento indica que, nas últimas décadas, tem havido melhorias significativas nas condições de vida e na situação de saúde da população, associadas a mudanças políticas e socioeconômicas.


Também como a OPAS e OMS, o Conselho acredita que o sucesso das políticas para melhorar as condições de vida e reduzir a desigualdade social é um estímulo para enfrentar os desafios presentes e futuros no setor da saúde.


"É preciso encarar o problema de frente. Os gestores devem entender que a condução de um sistema baseado nas diretrizes da universalidade, integralidade e equidade no acesso necessita de uma visão estruturante. Ou seja, as decisões não podem buscar respostas imediatas e muito menos midiáticas. O brasileiro precisa - e espera - por soluções permanentes, de longo prazo", concluiu o presidente do CFM.



Fonte: CFM

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