23/03/2010
Representantes do CFM participam de conferência internacional sobre doações e transplantes de órgãos
O presidente e o 2º secretário do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz d'Avila e Gerson Zafalon Martins, respectivamente,
participaram nesta terça-feira (23) na Conferência de Madrid sobre Doações e Transplantes de Órgãos. Trata-se de uma iniciativa
da presidência espanhola da União Européia, que conta com o apoio da Comissão Européia, da Organização Mundial da Saúde (OMS)
e da Sociedade Internacional de Transplantes. Para d'Avila, o debate realizado é estratégico para a busca de soluções globais
para os problemas das doações e transplantes de órgãos.
Durante o encontro, que reúne autoridades e especialistas dos cinco continentes, espera-se definir linhas para uma nova
diretiva européia de transplantes de órgãos que poderá permitir o acesso de 500 milhões de pessoas a este tipo de procedimento.
De acordo com o ministra de Saúde e Políticas Sociais da Espanha, Trinidad Jimenez, as linhas da atual diretiva da Europa
neste campo se baseia no modelo espanhol, sendo que sua aplicação pode garantir a vida para mais de 20 mil pacientes.
"Uma estratégia européia comum permitirá encurtar as diferenças entre os países em termos de doações e transplantes",
ressaltou Trinidad Jimenez.
Atualmente, a Espanha é o país com maior número de doadores por milhão de habitantes (34,4). O índice é quase o dobro
da média da União Européia (18,1). De acordo com o Conselho da Europa, no continente, cerca de 60 mil pessoas a espera de
um transplante.
Os representantes do CFM integram a comitiva brasileira no encontro, que conta também com a participação da coordenadora
do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, Rosana Nothen. De acordo com o conselheiro Martins, este é um
espaço importante de intercâmbio, onde o Brasil poderá apresentar os resultados alcançados pelo seu trabalho neste campo.
Aspectos como a legislação e a participação do setor público na realização dos procedimentos chamam a atenção em nível internacional.
"Ainda temos que avançar, mas podemos nos considerar numa posição avançada com relação a outras nações", pontuou o conselheiro.
O Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes realizados na rede pública. De acordo com o Ministério da
Saúde, 59.944 pacientes aguardam por um transplante. Desse total, a maior parte espera por rins (31.270 pacientes) e córneas
(22.727). De 1999 a 2004, o número de doações e transplantes cresceu até 150% em todo o território nacional.
De 2005 até o início de 2007, porém, houve uma queda brusca. Mas o crescimento foi retomado a partir do segundo semestre
daquele ano. Em 2008, o Brasil chegou ao índice de 7.2 doações por milhão de população (pmp). No primeiro trimestre de 2009,
já está em 8.0 pmp, objetivando chegar a 8.5 pmp até o término de dezembro.
O país conta com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizadas a realizar transplantes. Em 10 anos,
houve ampliação de 280% no número de unidades habilitadas para a realização de transplantes. Em 1999, eram 140. Em 2009, o
total saltou para 532. Também houve aposta no treinamento dos profissionais. De 2000 a 2009, foram realizados 45 cursos de
capacitação com a participação de 3.334 pessoas.
Com o prosseguimento da Conferência de Madrid, os brasileiros têm participação assegurada como expositores em dois grupos
nesta quarta-feira (24). O conselheiro Gerson Zafalon Martins participará do grupo que discutirá a ética da busca da auto-suficiência
em transplantes. Já a coordenadora do SNT estará envolvida com o debate sobre os cuidados profissionais na área de medicina
intensivista. As atividades se prolongarão até quinta-feira (25).
Fonte: CFM