13/06/2019

SUS precisa recuperar conquistas, defende palestrante da Conferência Estadual de Saúde

Dr. Nelson Rodrigues dos Santos falou sobre sistema universal criado há 31 anos; evento foi encerrado nesta quinta (13), em Curitiba, com 1,2 mil conferencistas

O Sistema Único de Saúde (SUS) precisa urgentemente da mobilização da sociedade para avançar e recuperar as conquistas que obteve ao ser criado, 31 anos atrás. O alerta foi feito pelo médico especialista em reforma sanitária Nelson Rodrigues dos Santos, que ministrou na quarta-feira (12) a palestra principal da 12ª Conferência Estadual de Saúde do Paraná, aberta na terça e que foi encerrada no começo da tarde desta quinta-feira (13), com a plenária final para homologação das entidades para compor o Conselho Estadual de Saúde na gestão 2020-2024 e dos delegados que participarão da 16ª Conferência Nacional de Saúde, que vai ocorrer em Brasília de 4 a 7 de agosto e terá como tema em destaque “Democracia e Saúde”.
A 12ª Conferência, realizada no Expo Unimed Curitiba, contou com a participação de aproximadamente 1,2 mil delegados representando os usuários, profissionais, prestadores de serviços e gestores de Saúde do Paraná. A composição de mesa para os trabalhos contou com o secretário estadual de saúde, médico Beto Preto; com o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Rangel da Silva; a presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Cristiane Pantaleão; e do presidente do Conselho Nacional dos Secretários, Moisés de Souza. O Conselho Regional de Medicina do Paraná esteve representado pelo Dr. Enio Teixeira Molina Filho, que é delegado da Dereg de Maringá e compõe como suplente o Conselho Municipal de Saúde local (Maringá).
clique para ampliarclique para ampliarComposição da mesa da 12ª Conferência, com participações do secretário Beto Preto, do presidente do Conselho de Saúde, Rangel da Silva, e do palestrante Dr. Nelson Rodrigues dos Santos. (Foto: SESA).

O responsável pela palestra magna foi o Dr. Nelson Rodrigues dos Santos, que falou sobre os 31 anos do sistema público universal. O Dr. Nelson foi um dos líderes do movimento que resultou na criação do SUS e inseriu a universalização da assistência em saúde na Constituição de 1988. “A população de hoje precisa conhecer o que foi feito nos anos 80 e pegar o espírito da sociedade daquela época, que estava democratizando o Estado, para corrigir todos os equívocos e distorções que aconteceram nos últimos 30 anos”, afirmou, ao criticar as perdas que o SUS enfrenta desde que foi criado.

Os participantes discutiram os problemas e as estratégias que devem nortear as políticas públicas, debatidas nas conferências municipais realizadas no começo do ano. Depois de aprovadas, as propostas serão levadas para a Conferência Nacional. Com foco em “Democracia e Saúde: Saúde como Direito”, o encontro discutiu a “Consolidação e Financiamento do SUS”. De acordo com o secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto, a Emenda Constitucional 95, que limita os gastos do governo federal para todas as áreas sociais, “é um torniquete na saúde”, e só veio piorar uma situação do SUS, que já enfrentava sérios problemas de financiamento.

“A Emenda trouxe grandes dificuldades para quem constrói e trabalha pelo SUS. Se não houver mobilização, vamos continuar sofrendo a falta de financiamento”, disse Beto Preto.

Nesta conferência serão eleitos 152 delegados para irem a Brasília. “Só unidos podemos garantir que o SUS continue crescendo”, defende o secretário. Beto Preto salientou que a atual administração está trabalhando com um orçamento elaborado no ano passado, portanto, na gestão anterior, e que não permite alterações. De acordo com ele, a maior preocupação desta administração é que não haja interrupção de obras nem de programas.

“É um compromisso deste governo fazer avançar todas as obras e garantir a manutenção de todos os programas para posterior discussão”, destacou Beto Preto. “A orientação do governador é colocar em funcionamento todas as obras paradas. Também não podemos inaugurar obras sem equipamento e sem profissionais para tocá-las”.

Ao mesmo tempo, ele defendeu a criação de instrumentos efetivos para medir tanto as transferências financeiras feitas aos parceiros como também o uso dos recursos pelos consórcios de saúde, além de um modelo de gestão mais enxuto, mais eficiente e mais transparente, que dê ênfase à regionalização. A prioridade, explicou, é aproximar o SUS das pessoas. “A Unidade Básica tem que ser a referência para a população”, disse.

SUS

O Sistema Único de Saúde foi defendido com veemência pelos participantes da conferência. O prefeito de Nova Tebas, Clodoaldo Fernandes, afirmou que o “SUS é o maior ato de democracia já realizado no Brasil”. O sistema, de fato, mudou o tratamento da Saúde Pública e inverteu o modelo de atendimento – antes, a prioridade era do investimento em alta complexidade.

A partir do SUS, deu-se maior atenção ao atendimento nas unidades básicas, que na prática resolvem 90% das necessidades da saúde para 90% da população. Ao priorizar a prevenção e o diagnóstico precoce, o sistema acaba gerando grande economia.

Em sua palestra, Nelson Rodrigues dos Santos fez um alerta: “O SUS de hoje conflita com o setor privado e a lógica do mercado está prevalecendo. A partir dos anos 90, o mercado da saúde vem se fragilizando e a sociedade também. O direito aos serviços de saúde especializados está cada vez mais distante da população”.

O caminho, para a presidente Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Cristiane Pantaleão, também é a valorização da atenção básica de saúde. Para isso, o presidente do Conselho Nacional dos Secretários, Moisés de Souza, conclamou todos os presentes e os delegados que vão a Brasília a repensarem o SUS. “Temos que defendê-lo a todo custo”, disse.

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