20/11/2009

Seminário debate o uso de álcool e drogas na adolescência

Em evento na Câmara dos Deputados, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, João Alberto Carvalho apresentou a deputados e especialistas o formato de rede integrada e hierarquizada defendida pela ABP





A Associação Brasileira de Psiquiatria, representada pelo seu presidente, João Alberto Carvalho, e pelo secretário do Departamento de Dependência Química, conselheiro do CRMPR e presidente da SPP, Marco Antonio Bessa, participou no último dia 17 de novembro do seminário convocado para "Debater os Efeitos Sociais do Consumo do Álcool e a Dependência Química na Adolescência e as Políticas Públicas Implementadas", promovido pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.


Claramente estimulado por recentes episódios trágicos envolvendo jovens dependentes químicos e com o propósito de discutir exclusivamente os efeitos causados pelas drogas nessa parcela da população, o evento acabou avançando para uma discussão mais ampla sobre as políticas públicas de atendimento em saúde mental.


Essa mudança de foco foi provocada pela apresentação do presidente da ABP, que contextualizou a dificuldade da rede pública em tratar dependentes químicos dentro de um quadro generalizado de desassistência provocado pela atual política da Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde. "Não vamos resolver o problema da falta de assistência aos dependentes sem discutir toda a estrutura de atendimento em saúde mental", afirmou.


João Alberto mostrou um infográfico explicativo sobre a rede preconizada pelas "Diretrizes para um modelo de assistência integral em saúde mental no Brasil" e convenceu os presentes de que, além de investimentos, falta também planejamento técnico para as ações em saúde mental. "Fiquei impressionado", declarou o deputado e ex-ministro da Saúde Alceni Guerra.


A deputada Rita Camata, que admitiu ter apoiado e votado a favor das proposições da chamada "luta antimanicomial", se mostrou "preocupada" com os resultados dessa orientação e elogiou a abordagem de rede proposta pela Associação Brasileira de Psiquiatria.


O presidente da ABP ressaltou que a proposta está baseada em evidências científicas e que seu funcionamento depende fundamentalmente da atuação do médico. Lembrou também que os demais profissionais de saúde são importantes para a construção do sistema multidisciplinar preconizado pela associação.


Surpresos com o conteúdo do documento, que foi distribuído em sua versão técnica, os parlamentares perguntaram se a proposta já havia sido apresentada à área de saúde do Governo. "Já entregamos a quatro ministros da saúde", respondeu João Alberto. "Então vamos cobrar", garantiu a deputada Elcione Barbalho, presidente da Comissão de Seguridade Social e Família.


"Considero que aproveitamos a oportunidade para expor nossas políticas e angariar apoios", avaliou João Alberto Carvalho, lembrando que essas ocasiões são raras devido à resistência da Coordenadoria de Saúde Mental em relação às proposições da ABP e sua postura de relativização da medicina. "Apenas o fato de termos participado desse tipo de evento, onde normalmente não temos assento, já demonstrou um avanço em nossa articulação política", finalizou o presidente da ABP.


"Eu apoiei esse movimento e votei de acordo com suas orientações. Hoje, vendo a situação, estou preocupada". A frase é da deputada Rita Camata e refere-se à chamada "luta antimanicomial", que, com slogans palatáveis e exploração ideológica angariou simpatizantes em Brasília e conseguiu durante anos impor sua filosofia nas políticas públicas de assistência em saúde mental.


A deputada considera a atuação do Governo em relação às drogas "uma verdadeira demonstração de incompetência" que, segundo ela, está focada apenas na "repressão". Camata admitiu que as políticas de saúde não estão sendo capazes de resolver o problema e que as famílias "não têm a quem recorrer".


Outro parlamentar presente ao evento, apoiador de primeira hora da "luta antimanicomial" e incentivador da implantação de ações sugeridas pelo movimento, o deputado e ex-ministro da saúde, Alceni Guerra, também manifestou sua decepção com os resultados apresentados. "Nós exageramos", disse ao se referir ao privilégio aos CAPs em detrimento de outras alternativas de tratamento.


"Ao ver essa rede sugerida pela ABP, estruturada e bem apresentada, acredito que temos alternativa e precisamos discutir mais o assunto", finalizou o ex-ministro da saúde.



Fonte: ABP

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