Sobre o IML e a doação de órgãos

Nazah Cherif Mohamad Youssef*

A doação de órgãos e tecidos é um ato de amor imensurável. Traduz a nobreza e o sentimento de compaixão das famílias em um momento tão difícil que é a morte de um ente querido. Porém, mesmo muitas famílias querendo realizar a doação, nem sempre é possível. O doador não pode ter infecções transmissíveis ao receptor. A idade também é importante, uma vez que cada órgão segue diretrizes específicas e diferentes. O horário da morte também é fundamental, porque óbitos ocorridos há mais de seis horas impossibilitam a doação.

A doação e captação de órgãos é feita sempre com a autorização da família no hospital onde ocorreu o óbito, desde que haja possibilidade para isso. Após a retirada do órgão e/ou tecido, o corpo do doador é enviado ao Instituto Médico Legal para avaliação, verificação e conformação do que foi retirado e emissão do atestado de óbito. Todo esse processo, desde a autorização da doação até a liberação do corpo do IML, leva tempo. Dependendo do caso, pode precisar de quatro até 24 horas para ocorrer. Isso porque cada órgão é retirado por equipe cirúrgica especializada e em tempos sequenciais.

O corpo, após chegar ao IML, precisa de tempo para avaliação e verificação da situação. O Instituto Médico Legal, quando recebe o corpo de um paciente não doador, vítima de morte violenta (homicídios, acidentes de trânsito e suicídios, por exemplo), geralmente consegue realizar necropsia entre duas a quatro horas. Porém, existem casos mais difíceis que exigem tempo maior de avaliação médico-legal e isso pode durar até 24 horas. A compreensão e a paciência da família do doador é recompensada pelo fato de permitirem que a vida continue em outras pessoas. São córneas, rins, fígado, coração, pulmão, ossos e pele que levam o sopro da vida para quem precisa!

*Nazah Cherif Mohamad Youssef* é conselheira do CRM-PR e coordenadora da Câmara Técnica de Morte Encefálica. Médica especialista em Neurologia e Medicina Intensiva, mestre em Medicina Interna e pós-graduada em Bioética. Professora-chefe da Unidade de Clínica Médica do HC/UFPR.

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