12/11/2007

Subtipo comum do HIV é mais sensível a medicamentos

O subtipo C do vírus causador da Aids (HIV), que infecta cerca de metade dos soropositivos do planeta, demora mais que o subtipo B para se tornar resistente a dois dos três tipos de medicamentos existentes para combater o vírus. A descoberta tem implicações positivas para as políticas de tratamento, principalmente na África e na Ásia.

Muito pouco se sabe sobre o subtipo C do HIV e sua reação aos anti-retrovirais uma vez que o subtipo B é o mais comum em países desenvolvidos, sendo por isso o mais estudado. O fato motivou os cientistas do Laboratório de Virologia Humana do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a iniciarem o estudo do subtipo C há cerca de sete anos. O geneticista Marcelo Soares, coordenador do laboratório, explica que escolheram o Rio Grande do Sul para o estudo porque talvez seja o único lugar do mundo onde esse tipo de HIV foi exposto ao coquetel de tratamento por longo período.

Os pesquisadores analisaram amostras de HIV recolhidas de 160 soropositivos à procura de alterações no DNA do vírus que lhe conferisse resistência às drogas. Depois, compararam os perfis de mutação dos subtipos B e C e concluíram que o C apresenta menos resistência a todos os medicamentos, com exceção dos chamados inibidores não-nucleosídicos de transcriptase reversa.

O motivo para a menor resistência ainda não está claro, mas acredita-se que como o sistema de replicação do subtipo C não é tão eficiente quanto o do B, a seleção natural não agiria com a mesma intensidade sobre ele. Soares observa que essa pode também ser a razão pela qual a variedade C se espalha mais rapidamente que outros subtipos. Foi assim, por exemplo, na África do Sul, onde hoje de 95% a 98% dos infectados são portadores dessa variedade. No estado do Rio Grande do Sul o subtipo C corresponde a 50% dos soropositivos.

Os dados obtidos pelos pesquisadores representam ótimas notícias, pois contradizem os temores de que o amplo acesso a drogas anti-retrovirais, mais comum em países em desenvolvimento, poderia agravar a pandemia.

- Se administrada de maneira ideal, a terapia anti-retroviral resultará em grandes benefícios para essas populações -, conclui.


Fonte: Folha de São Paulo

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