Trabalho é o remédio para a saúde do Brasil


Quem ouve os discursos de alguns políticos chega, às vezes, a ter impressão de que o Brasil pode entrar no rumo num piscar de olhos. Lógico que as coisas não são exatamente assim. Na saúde, por exemplo, não são soluções mágicas que resolverão o problema da assistência. É imprescindível vontade, persistência e muito trabalho para possibilitar o acesso universal ao atendimento aos cidadãos, garantindo eficiência e qualidade.

O artigo 196 da Constituição define a saúde como "um direito de todos e dever do Estado". Então é obrigação de homens públicos e dos gestores trabalhar obstinadamente para acabar com as filas do SUS; para garantir amplo acesso aos medicamentos, para melhorar a estrutura de toda a rede e para viabilizar mais investimentos para a saúde.

Diria que outro bom remédio para a saúde brasileira é a ética. Quem tem princípios, compromisso, quem se importa com os destinos do próximo deve arregaçar as mangas para fazer com que a saúde seja mesmo encarada como um sagrado direito e vire exemplo de eficácia.

Um SUS eficiente deve ser a bandeira de qualquer cidadão honesto que vislumbre um modelo de digno, de fato, e que promova inclusão social. Basta olhar para outros países para se dar conta do descaso de nossos governantes com os cidadãos. No setor público, atualmente, aplica-se R$ 1,07 por dia por habitante na saúde. É uma vergonha. Para ter uma idéia de como essa quantia é irrisória, dez anos atrás, alguns países da América Latina já gastavam três, quatro e até mais em dólares americanos.

Temos urgentemente de regulamentar a Emenda Constitucional 29, pois se trata de uma ferramenta capaz de garantir mais recursos para o setor. A Emenda 29 definirá o que são verbas de saúde, pondo fim à farra dos desvios.

É necessária ainda uma fiscalização rigorosa sobre a arrecadação e os gastos em saúde. Se acabarmos com a corrupção e gastarmos com inteligência e compromisso público, certamente os investimentos em saúde serão mais frutíferos. Também precisamos incentivar novas políticas de qualidade e gestão em todo o setor.

Responder à demanda de pacientes por hospitais e postos bem equipados, por adequada oferta de medicamentos, pela implantação dos avanços tecnológicos, sem desperdício, por profissionais valorizados e atualizados em suas respectivas áreas, entre outros pontos. É isso que devemos ter como meta, sempre, para nós, para nossos familiares, para nossos filhos, enfim, para todos os cidadãos.



Eleuses Vieira de Paiva, ex-presidente da Associação Médica Brasileira

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