01/11/2011
         Transplantes no PR: há que melhorar
         
         O número anunciado no final de setembro, por ocasião do Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos, informando um crescimento
            de 41,5% no número de transplantes no estado do Paraná, totalizando 1191 transplantes nesse ano, deve ser divulgado e enfatizado,
            porém está muito longe da necessidade e também do potencial de doadores em nosso estado.
            
            
Números absolutos não conseguem refletir a realidade. O número de doadores efetivos, aqueles que efetivamente resultam
            na doação e utilização dos órgãos, por milhão de população (pmp) é o indicador universalmente utilizado e mais correto. Esse
            índice, no nosso estado, no primeiro semestre de 2011, é de 9,4 pmp; sendo 8,7 pmp em 2010 e 8,6 pmp em 2009, conforme dados
            da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
 
            
            
Podemos ver um crescimento nesse índice, entretanto esses números nos posicionam na oitava colocação no ranking dos estados
            brasileiros, bem atrás de nossos estados vizinhos, Santa Catarina (25,6 pmp) e São Paulo (20,2 pmp), respectivamente primeiro
            e segundo do ranking. Um exemplo mundial, a Espanha, atinge marcas consideradas espetaculares de 28 pmp, marca essa já almejada
            por nosso estado vizinho do sul. Isso demonstra o quanto ainda temos que crescer por aqui e, para isso, o primeiro passo é
            a conscientização de cada um de nós em ajudar ao próximo. Cada doador tem o potencial de ajudar no mínimo 8 pacientes, contando
            com a utilização e o transplante do fígado, rins, pâncreas, coração, pulmão, córneas, além de pele e ossos.
 
            
            
O sistema nacional de transplantes é organizado e seguro e garante uma distribuição correta dessa escassa fonte de vida.
            O aumento da doação de órgãos de pacientes em morte encefálica é uma tarefa árdua e não envolve somente a conscientização
            familiar para autorização da doação. Envolve treinamento médico para diagnóstico e manutenção do potencial doador, organização
            das comissões intra-hospitalares específicas e treinamento e efetivação das organizações de procura de órgãos.
 
            
            
Esses números, que não merecem comemoração, são resultado de seguidos anos da falta de atenção adequada ao sistema de
            transplantes. Os passos e esforços agora dados pela gestão estadual de saúde, pelas equipes de busca ativa de órgãos e pelas
            equipes transplantadoras oferecem algum alento, mas ante o nefasto e silencioso sofrimento e morte dos pacientes que precisam
            desse tipo de tratamento ainda é pouco. O grau de desenvolvimento social e econômico de nosso estado exige números muito melhores.
            
            
Artigo escrito por Fábio Silveira, médico do Instituto para Cuidado do Fígado.