06/12/2007

Unidas arrenda andar em hospitais para cortar custos


Responsável pelo atendimento de 5,4 milhões de usuários e com faturamento de R$ 10 bilhões, as empresas de planos de saúde de autogestão enfrentam hoje o desafio de se adequar às novas normas da Agência Nacional da Saúde, ao mesmo tempo em que trabalham para se fortalecer dentro do processo de consolidação entre as empresas de saúde suplementar, afirma Marília Ehl Barbosa, presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), entidade que reúne 145 filiadas, o que representa 93% do setor.

"O maior problema é a judicialização na área de saúde. Em quatro anos, o valor despendido, via judicial, em exames, medicamentos e técnicas de alto custo cresceu de R$ 188 mil para R$ 26 milhões em 2007. Os custos são crescentes, mas existe muito desperdício e acabamos pagando por remédios e técnicas que sequer estão aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)."

Ela acredita que existe uma postura cultural por parte do usuário de que o médico bom não é o que faz uma análise pessoal mais detalhada em uma consulta mais longa, mas o que pede mais exames.

Com isso, 60% dos custos das empresas vão para materiais e medicamentos e apenas 14% a 15% para honorários médicos. Para agravar, segundo Marília, o PAC da Saúde, a ser anunciado hoje pelo governo federal, não ouviu o setor, mas estabeleceu duas medidas que vão ter impacto na atividade: as operadoras de plano de saúde vão ter de ressarcir o SUS (Sistema Único de Saúde) quando os beneficiários forem atendidos em sua rede. "Mas com uma tabela de preços superiores aos pagos pelo próprio SUS)."

As instituições de autogestão também têm buscado alternativas para reduzir seus custos e concorrer com a crescente verticalização dos grandes grupos. "Não é um grande negócio para empresas pequenas construírem rede própria, especialmente quando os usuários estão espalhados por todo o País. Mas estamos arrendando andares em alguns hospitais para serem de atendimento exclusivo das instituições de autogestão." Um primeiro contrato já está sendo fechado com a Beneficência Portuguesa do Rio de Janeiro. As instituições de autogestão têm uma rede de 40 mil credenciados.

As carteiras das operadoras de saúde no sistema de autogestão estão hoje entre os alvos dos grupos privados que têm registrado forte expansão de sua base de clientes via aquisições. O sistema de saúde suplementar - composto, além das de autogestão, por grupos de medicina de grupo, cooperativas médicas e seguradoras - deve movimentar R$ 80 bilhões em 2007.

O interesse das operadoras privadas é proporcional à concentração nas faixas etárias em usuários mais novos, diz Marília. No caso da GEAP - Fundação de Seguridade Social, que atende a mais de 760 mil servidores públicos federais de 35 ministérios e seus familiares, 40% dos beneficiários têm mais de 60 anos.


Fonte: Gazeta Mercantil

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