08/01/2008

Vacina contra cocaína é capaz de interromper vício


Dois pesquisadores da Faculdade de Medicina Baylor, em Houston, estão trabalhando numa vacina contra a cocaína que pode se tornar a primeira medicação para tratar pessoas viciadas na droga.

- Para quem tem o desejo de largar o vício, a vacina será muito útil - anunciou Tom Kosten, professor de psiquiatria que conta com a ajuda no estudo da mulher, Therese, psicóloga e neurocientista. - Em algum momento, a maioria dos usuários vai ceder à tentação e ao relapso, mas aqueles para os quais a vacina é efetiva não sentirão os efeitos e perderão o interesse.

O produto, atualmente em testes clínicos, estimula o sistema imune a atacar a substância quando é tomada. Normalmente, o sistema imune - incapaz de reconhecer a cocaína e outras moléculas de droga por serem tão pequenas - não pode fazer anticorpos para atacá-las.
Para ajudar o sistema a distinguir a droga, Kosten adicionou cocaína inativa na camada externa de proteínas inativas de cólera.

Em resposta, o sistema imune não só fabrica anticorpos para a combinação, o que não traz danos ao organismo, como também reconhece a droga pura potente quando é ingerida. Os anticorpos se ligam à cocaína e a previnem de alcançar o cérebro, onde ela normalmente geraria as sensações tão viciantes.

- É uma idéia muito inteligente - disse David Eagleman, neurocientista de Baylor. - Os cientistas passaram as últimas décadas tentando descobrir caminhos de recompensa no cérebro e como drogas parecidas com a cocaína atuam no sistema. Mas o problema é que estes caminhos são difíceis de identificar uma vez que tenham entrado em contato com a droga. Esta vacina simplesmente resolve esta dificuldade.
Kosten pediu em dezembro à Food and Drug Administration (órgão que regula a aprovação de alimentos e remédios nos Estados Unidos) para dar sinal verde a um teste multi-institucional para começar no outono e ainda espera a resposta.



Avanço no tratamento

A aprovação marcaria um grande avanço no tratamento do vício em cocaína, que atualmente é feito com aconselhamento psiquiátrico e programas de 12 passos. É provável que este seja o último teste clínico antes da vacina - há mais de uma década em produção - ser aprovada para tratamento. Mas alguns especialistas ponderam que não se deve estimular muitas expectativas.

- Vacinas contra vício são um avanço promissor, mas é improvável que qualquer tratamento neste campo funcione igualmente para todos - defende David Gorelick, investigador senior no Instituto National de Abuso de Drogas, nos EUA. - De qualquer forma, se provarem seu sucesso, fornecerão uma opção importante para os que estudam vício em drogas.


Fonte: Jornal do Brasil

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